Montar um repertório musical é um dos primeiros e mais importantes passos na jornada de qualquer músico. Seja você um estudante de música, alguém que acabou de aprender os primeiros acordes no instrumento ou até uma banda que está começando agora, ter um conjunto de músicas bem selecionado faz toda a diferença na prática, na motivação e nas apresentações.
Este guia é voltado especialmente para iniciantes que ainda não sabem por onde começar ou sentem dificuldade em escolher o que tocar. Se você quer montar um repertório que seja coerente com seu estilo, adequado ao seu nível técnico e que te ajude a evoluir como músico, está no lugar certo.
Nos próximos tópicos, você vai aprender como montar seu primeiro repertório musical de forma prática, rápida e inteligente — mesmo que ainda esteja dando os primeiros passos no mundo da música.
O Que é Repertório Musical e Por Que Ele é Importante?
De forma simples, o repertório musical é o conjunto de músicas que um músico ou banda sabe tocar e costuma apresentar. Ele pode ser usado em diferentes contextos, como estudos, ensaios, apresentações ao vivo ou até mesmo em audições e concursos.
Ter um repertório definido é essencial por vários motivos. Imagine, por exemplo, que você é convidado para tocar em uma roda de amigos, em um pequeno evento ou até mesmo em uma audição de escola. Se você já tiver músicas prontas para tocar, a experiência será muito mais tranquila e confiante. Por outro lado, sem um repertório preparado, você pode se sentir inseguro e despreparado, mesmo tendo habilidades técnicas.
Situações em que o repertório é essencial:
Apresentações ao vivo: shows, saraus, festivais e eventos informais.
Ensaios com banda ou grupo: para praticar de forma mais organizada e produtiva.
Aulas de música: professores costumam pedir que o aluno monte um repertório de estudo.
Audições e testes: é comum ter que apresentar uma ou mais músicas já dominadas.
Benefícios de ter um repertório bem montado:
Aumenta a confiança ao tocar em público.
Facilita o progresso técnico e musical.
Ajuda a desenvolver sua identidade musical.
Prepara você para oportunidades que surgem de forma inesperada.
Permite que você compartilhe sua música com os outros de maneira mais natural e espontânea.
Em resumo, um bom repertório é como o cartão de visitas de um músico. Ele mostra quem você é, o que você sabe fazer e como se expressa através da música.
Passo a Passo: Como Montar Seu Primeiro Repertório Musical
Montar seu primeiro repertório não precisa ser complicado. Com um pouco de organização e autoconhecimento, você pode criar uma seleção de músicas que seja divertida de tocar, desafiadora na medida certa e fiel ao seu estilo. A seguir, começamos pelo primeiro passo fundamental: definir seu estilo musical.
Defina Seu Estilo Musical
Antes de sair escolhendo músicas aleatoriamente, é importante saber qual direção musical você quer seguir. Seu repertório deve refletir quem você é como músico — e nada mais frustrante do que passar horas praticando músicas que não te inspiram.
Identifique seu gosto e suas influências
Comece pensando nas músicas e artistas que você mais ouve no dia a dia. Faça perguntas como:
- Quais estilos me emocionam ou animam?
- Que artistas eu gostaria de conseguir tocar igual?
- Quais músicas me fizeram querer aprender a tocar um instrumento?
Anotar essas respostas já ajuda a começar a visualizar a identidade do seu repertório.
Escolha um ou dois gêneros principais
Especialmente para quem está começando, focar em um ou dois estilos musicais facilita muito o processo. Isso ajuda a evitar um repertório confuso, com músicas muito diferentes entre si — o que pode dificultar a prática e a evolução técnica.
Por exemplo:
Se você curte música pop e MPB, pode montar um repertório que combine sucessos atuais com clássicos brasileiros.
Se prefere rock, pode começar com versões acústicas de músicas conhecidas e evoluir para versões mais completas com o tempo.
Lembre-se: isso não significa se limitar para sempre. Seu repertório pode (e deve) evoluir com o tempo. Mas, no início, ter um foco claro torna tudo mais fluido e motivador.
Considere Seu Nível Técnico e Vocal
Um dos maiores desafios para quem está começando a montar seu repertório é escolher músicas que estejam dentro do seu alcance técnico e vocal. É fundamental ser realista sobre suas habilidades atuais para evitar frustrações e garantir um progresso constante.
Selecione músicas compatíveis com suas habilidades atuais
Avalie quais acordes, ritmos e técnicas você já domina no seu instrumento, assim como seu alcance vocal e conforto para cantar certas notas. Escolher músicas que se encaixem nesse perfil facilita a prática e o aprendizado, tornando o processo mais prazeroso e eficiente.
Evite começar com músicas muito complexas
Mesmo que você adore uma música difícil, começar por ela pode desanimar e atrasar seu desenvolvimento. Prefira músicas simples e progressivas, que permitam construir sua confiança e técnica aos poucos. Depois de dominar essas, você pode ir incluindo canções mais elaboradas no seu repertório.
Lembre-se: o objetivo do repertório inicial é justamente ajudar você a ganhar segurança e fluidez na execução, e não criar uma lista impossível de dominar logo no começo.
Escolha de 5 a 10 Músicas Iniciais
Para começar a montar seu repertório, é ideal selecionar entre 5 a 10 músicas. Essa quantidade é suficiente para você ter variedade, praticar diferentes estilos e ritmos, sem ficar sobrecarregado.
Dicas para escolher músicas populares ou que você goste
Priorize músicas que você realmente goste de ouvir e tocar. Isso aumenta sua motivação para praticar e se dedicar. Além disso, escolher canções populares ou conhecidas pelo seu público torna suas apresentações mais envolventes e agradáveis para quem ouve.
Outra dica é buscar versões simplificadas dessas músicas, principalmente se você está começando. Muitas vezes, é possível encontrar cifras ou partituras adaptadas para iniciantes, facilitando o aprendizado.
Equilibre entre músicas fáceis e desafiadoras
Para manter seu progresso, é importante equilibrar o repertório com músicas mais simples e outras que apresentem um grau de dificuldade um pouco maior. Assim, você consegue praticar o que já domina e, ao mesmo tempo, se desafiar a aprender algo novo.
Esse equilíbrio ajuda a manter a motivação e evita que você fique estagnado. A sensação de conquista ao dominar uma música mais difícil é um grande incentivo para continuar evoluindo.
Varie o Ritmo e o Clima das Músicas
Um bom repertório não é feito apenas de músicas que você gosta ou consegue tocar — ele também precisa ser dinâmico e interessante. Variar o ritmo e o clima das canções é essencial para manter a atenção do público (e a sua!) durante uma apresentação ou mesmo em um ensaio.
Alterne entre músicas lentas e animadas
Intercalar músicas mais lentas e suaves com outras mais rápidas e energéticas cria uma experiência mais rica e envolvente. Por exemplo, você pode começar com uma música mais calma para “quebrar o gelo”, seguir com algo mais animado no meio e encerrar com uma música marcante ou emocional.
Essa alternância ajuda a criar momentos de respiro e de impacto, tornando o repertório mais profissional, mesmo que você esteja só começando.
Evite um repertório monótono
Montar um repertório só com músicas do mesmo estilo ou ritmo pode deixá-lo cansativo, tanto para quem ouve quanto para quem toca. Mesmo dentro de um único gênero musical, é possível encontrar variações interessantes que trazem contraste e tornam o repertório mais agradável.
Dica: preste atenção na ordem das músicas também. Às vezes, apenas trocar a sequência pode melhorar bastante o “clima” da apresentação.
Pratique e Ajuste Conforme Necessário
Montar um repertório é apenas o ponto de partida. Para que ele realmente funcione, é preciso colocá-lo em prática e estar aberto a ajustes. À medida que você ganha experiência, algumas músicas vão se destacar, enquanto outras talvez não funcionem tão bem quanto o esperado — e tudo isso faz parte do processo de evolução musical.
Testar em ensaios ou pequenos públicos
Antes de apresentar seu repertório em uma situação mais formal, teste-o em ensaios e em apresentações menores, como para amigos, familiares ou em rodas de música. Essa prática ajuda você a ganhar confiança, identificar pontos que precisam ser melhorados e entender como o repertório se comporta fora do ambiente de estudo.
Muitas vezes, uma música que parece boa na teoria pode não fluir tão bem na prática — seja pela dificuldade de execução, pela reação do público ou pelo clima geral da apresentação.
Eliminar ou substituir o que não funciona bem
Ao testar seu repertório, observe com atenção:
Quais músicas você toca com mais segurança?
Quais parecem cansativas ou pouco envolventes?
Houve alguma música que deixou o público desinteressado?
Com base nessas observações, ajuste o repertório sem medo. Retire ou substitua as músicas que não funcionaram como esperado por outras que se encaixem melhor com seu estilo, seu nível técnico e o momento em que você está.
Lembre-se: um bom repertório é aquele que se adapta, cresce com você e te faz sentir confortável e motivado a tocar.
Dicas Extras Para Um Repertório de Sucesso
Agora que você já sabe como montar seu primeiro repertório musical, vale a pena considerar alguns detalhes extras que podem fazer toda a diferença no resultado final. Essas dicas ajudam a tornar seu repertório mais versátil, envolvente e preparado para diferentes situações.
Inclua músicas que envolvam o público
Independentemente do seu estilo musical, pense em incluir algumas músicas que o público reconheça e cante junto. Canções populares, refrões marcantes ou clássicos do seu gênero favorito ajudam a criar conexão com quem está ouvindo.
Essa interação com o público é especialmente importante se você pretende se apresentar ao vivo. Mesmo em rodas de amigos, ter músicas que todo mundo conhece cria um clima mais acolhedor e divertido.
Prepare versões alternativas (acústica, solo, banda)
Ter diferentes versões de uma mesma música no seu repertório é uma excelente forma de se adaptar a qualquer situação. Você pode, por exemplo:
Tocar uma versão acústica se estiver sozinho com um violão ou ukulele;
Usar backing tracks se estiver em um ambiente mais controlado;
Adaptar a música para tocar em grupo ou banda, caso tenha essa oportunidade.
Essa flexibilidade torna o repertório mais útil e evita surpresas desagradáveis, como depender de equipamentos ou músicos que nem sempre estarão disponíveis.
Mantenha o repertório atualizado com frequência
Com o tempo, seu gosto musical e suas habilidades vão evoluir — e seu repertório precisa acompanhar esse crescimento. Por isso, é importante revisar sua lista de tempos em tempos:
Remova músicas que não fazem mais sentido para você;
Adicione novas canções que estejam alinhadas com seu momento atual;
Regrave ou reformule músicas antigas com mais técnica e maturidade.
Um repertório bem cuidado mostra não só organização, mas também evolução artística.
Erros Comuns ao Montar um Repertório (e Como Evitá-los)
Montar um repertório parece simples, mas muitos iniciantes acabam cometendo erros que dificultam a prática e podem atrapalhar uma boa apresentação. Conhecer esses erros com antecedência é uma ótima maneira de evitá-los e garantir que seu repertório seja funcional, equilibrado e eficaz.
Escolher músicas difíceis demais
Um dos erros mais comuns é tentar começar com músicas muito avançadas. Isso pode gerar frustração, desânimo e até desmotivação para continuar estudando. Embora seja bom se desafiar, o ideal é construir uma base sólida primeiro, com músicas compatíveis com seu nível atual.
Como evitar:
Comece com músicas simples, que você consiga tocar com segurança. Conforme for evoluindo, adicione gradualmente músicas mais complexas ao seu repertório.
Copiar repertórios alheios sem adaptação
Outro erro comum é simplesmente copiar o repertório de outra pessoa (de um amigo, professor ou artista) sem considerar se aquelas músicas fazem sentido para você. O que funciona para um músico mais experiente pode não funcionar para quem está começando.
Como evitar:
Use repertórios prontos como inspiração, mas sempre faça adaptações. Escolha músicas que estejam de acordo com seu gosto, estilo e nível técnico. Lembre-se: seu repertório deve refletir sua identidade musical.
Falta de planejamento para o tempo de apresentação
Muitos iniciantes não consideram o tempo total que terão para se apresentar. Isso pode levar a um repertório curto demais, que termina rápido, ou longo demais, que não cabe no tempo disponível.
Como evitar:
Monte o repertório com base no tempo real da apresentação. Cronometre cada música e inclua uma margem para pausas, falas ou imprevistos. Isso demonstra preparo e profissionalismo, mesmo em apresentações informais.
Evitar esses erros simples já é meio caminho andado para montar um repertório mais eficiente, agradável e fiel ao seu momento musical.
Ferramentas e Recursos Úteis
Hoje em dia, a tecnologia pode ser uma grande aliada para quem está começando no mundo da música. Existem diversas ferramentas que facilitam o processo de escolher, organizar e manter um repertório musical sempre atualizado. A seguir, algumas sugestões práticas para você usar no dia a dia.
Aplicativos e sites para montar e organizar repertórios
Organizar seu repertório em papel pode funcionar no começo, mas com o tempo, usar ferramentas digitais torna tudo mais prático. Veja algumas opções populares:
Setlist Helper: permite criar e organizar listas de músicas para shows, com recursos como duração estimada e ordem personalizada.
Setlist Maker (iOS/Android): ótimo para músicos que se apresentam com frequência; dá para adicionar letras, acordes e anotações.
Cifra Club: além de ser um ótimo lugar para encontrar cifras e tablaturas, também permite salvar listas personalizadas de músicas.
Evernote ou Notion: para quem prefere algo mais flexível, dá para criar seu próprio sistema de organização, incluindo links, áudios e anotações.
Sugestão de playlists para inspiração
Às vezes, tudo o que você precisa para montar um bom repertório é ouvir boas músicas dentro do seu estilo. Aqui estão algumas ideias de playlists que podem te inspirar (basta procurar nos serviços de streaming como Spotify, Deezer ou YouTube):
Clássicos do Violão Popular
Hits Acústicos
MPB para Tocar e Cantar
Rock Nacional Anos 80/90
Pop Leve – Voz e Violão
Ou crie sua própria playlist com músicas que você gostaria de aprender. Com o tempo, ela pode virar seu repertório pessoal.
Modelos de planilhas
Se você prefere algo mais visual e organizado, uma planilha simples pode ajudar muito. Ela pode conter colunas como:
Nome da música
Artista
Tom
Nível de dificuldade
Estilo/ritmo
Status (aprendendo, pronta, precisa revisar)
Você pode criar isso no Excel, Google Planilhas ou até em aplicativos de notas. Há também modelos prontos gratuitos disponíveis online — uma busca por “planilha de repertório musical” já traz várias opções úteis para baixar.
Usar essas ferramentas não só facilita a organização como também torna o processo mais motivador. Você acompanha seu progresso de forma mais clara e tem tudo pronto na hora de estudar ou se apresentar.
Conclusão
Montar seu primeiro repertório musical pode parecer desafiador no começo, mas com as orientações certas, o processo se torna muito mais leve e prazeroso. Ao longo deste guia, você aprendeu:
A importância de ter um repertório bem montado;
Como escolher músicas de acordo com seu estilo e nível técnico;
Dicas para equilibrar o repertório com variedade e coerência;
Como testar, ajustar e manter seu repertório sempre atualizado;
Ferramentas e recursos que facilitam sua organização e prática.
Lembre-se: a prática constante é a chave para o progresso. Um repertório não é algo fixo, mas sim um reflexo da sua jornada musical. À medida que você evolui, ele também deve crescer, ganhar novas cores e desafios.
E agora é com você!